RELATÓRIO
PROJETO INTEGRADOR - Primeiro Noturno
Ao dar inicio ao curso superior em direito,
diversas são as dúvidas trazidas pelo ingressante. O projeto integrador possui
a finalidade de destacar os principais questionamentos, trazendo a realidade ao
acadêmico e propondo, através de discussão e teorização, a resolução e
entendimento de problemas sociais. Aplicando uma entrevista para concretizar
tal avaliação, deparamo-nos, em sua maior parte, com estudantes entre dezessete
e dezoito anos – a presença de pessoas com idades superiores a estas não passou
despercebida. Interessante frisar a diversificação das cidades as quais os
discentes pertencem, seu maior número fora de Paripiranga, como Tobias Barreto
e Ribeira do Pombal. Buscando entender o
motivo que levou a escolha do curso superior em Direito podemos afirmar que
a maioria dos entrevistados disse ingressar no curso por satisfação pessoal,
porém, alguns mais afirmaram que escolheram a área por acreditar no direito, e
uma minoria disse que foi por vontade da família ou para contribuir com a
justiça.
Na mesma perspectiva, observaram-se quais dificuldades que os alunos estão
encontrando no curso de Direito, e nota-se que os empecilhos se mostram
bastante variados; fatores como adaptação ao método, dificuldade na exigência
de leituras, amplitude de conteúdos, disciplinas específicas foram apontadas
com constância pelos ingressantes entrevistados. Resumindo-os como questões de
inserção na metodologia e exigências básicas e características da área para uma
boa formação acadêmica.
Quanto às percepções iniciais dos alunos relação à IES e ao Curso, a grande
maioria afirmou estar fascinado com o curso, considerando-o bastante complexo e
que proporciona uma visão sistêmica sobre o mundo. Além disso, parte dos
acadêmicos demonstrou satisfação com os professores e profissionais que
integram a instituição, bem como sua estrutura física e o acervo bibliotecário,
ressaltando, sobretudo, a extrema necessidade de leitura e da pesquisa
constante para que se possa adquirir conhecimento. No entanto, praticamente
todos os estudantes demonstraram algum desconforto ou estranheza quanto à
metodologia ativa aplicada na faculdade, alguns acreditando que a mesma não é
aplicada corretamente, outros demonstrando dificuldades na adaptação, e ainda
há aqueles que a acham confusa e bastante rigorosa. Mas isso é natural, uma vez
que os acadêmicos vieram de realidades bastante diferentes da dita metodologia,
e, por estar no primeiro ano na faculdade, ainda não se adaptaram totalmente
com as novidades.
A respeito do que esperam conseguir no curso de Direito, a maioria dos acadêmicos
afirmou estar disposto a abocanhar o máximo possível de conhecimento e
habilidades sobre o sistema jurídico e as relações sociais, a fim de se
tornarem excelentes profissionais do Direito e poder contribuir para uma
sociedade justa e igualitária. Além disso, alguns estudantes expressaram o
desejo de tornarem-se seres humanos melhores, capazes de compreender as
dificuldades sociais, podendo assim, agir com senso de justiça, de direitos e
deveres dos cidadãos, bem como saber impor-se perante a lei.
Questionado a respeito do “papel que o profissional e o próprio
direito devam ter na sociedade”, percebeu-se que a grande maioria dos
estudantes acredita que devem promover a justiça e buscar a paz social. Para
tal, o profissional deve aplicar as leis de maneira a garantir os direitos dos
cidadãos, bem como limitar os mesmos para que não agrida os direitos do outro;
fazê-los cumprir seus deveres e punir os que infringem a lei. Sendo, portanto,
um profissional ético e dedicado a lutar contra as injustiças que permeiam
todos os âmbitos da vida em sociedade, a fim de promover o seu desenvolvimento.
E para que o profissional possa atuar de forma ética, é necessário, sobretudo,
que o próprio Direito seja justo e represente de fato as necessidades deste
meio.
Mesmo diante da grande quantidade de notícias
relatadas sobre o aumento da violência em nosso país, foi questionado se os
acadêmicos acreditam na justiça, a
maior parte deles afirmando que sim, porém evidenciando o quanto ela pode ser
relativa e apresentar resultados distantes do ideal de justiça que costumamos
descrever. Para os entrevistados, a razão
de crer na justiça está intrínseca a escolha de cursar Direito, e que é
nessa crença que se espera que a injustiça acabe e que se possa punir os que
merecem, mas para isso ela precisaria ser mais valorizada e partir não só dos
agentes dessa área, mas de todos os cidadãos; reconhecendo seus erros –
principalmente no referente a beneficiar aqueles financeiramente bem
estruturados em detrimento dos demais – e lutando para modificá-la.
Impossível, ao
menos no primeiro período a desvinculação entre Lei e Direito, assim,
questionou-se o papel da lei no mesmo, e se existe diferença entre
ambos. A lei se trata da manutenção dos direitos, existindo para garanti-los,
mas não se constituindo como a instituição “Direito”; seu papel seria
determinar os fatores para a organização das relações sociais, responsabilidade
dessa área, auxiliando na regulamentação do ordenamento jurídico. Ou seja, seu
papel é constituir o Direito, dar vida e força e fazer valer, em suas normas
escritas, os direitos e deveres de todos; a lei está embutida no Direito e este
é constituído pela mesma.
Outra abordagem também apresentada no momento
das entrevistas se trata de saber se durante
a história, ocorreu mudanças no Direito, e se sim, o porquê. A maioria dos entrevistados respondeu positivamente à
questão, afirmando que o Direito acompanha a evolução social, já que se trata
de um órgão sujeito à mutabilidade e variação de acordo com o espaço-tempo em
que se é aplicado. Ele aperfeiçoou-se, adquirindo novas vestimentas para sua
atuação, seguindo os passos que a sociedade trilha, estando visível sua mudança
no decorrer da história.
Aproveitando para observar a opinião sobre um
tema específico e atual do direito, questionou-se sobre a lei da palmada, uma aquisição razoavelmente recente ao
ordenamento jurídico. A maioria foi categórica ao afirmar sua coerência, visto
que acreditam que educação se realiza com amor e exemplo, e não com maus tratos
e castigos violentos. Mesmo que a mesma invada, de certa maneira, mais
profundamente a atuação familiar, age para evitar que a criança e o adolescente
sofram excessivamente, evitando possíveis traumas nos mesmos.
Questionados sobre qual
seria o maior problema da sociedade que o Direito poderia resolver e de que
forma isso seria possível, apontaram a criminalidade e a corrupção em todos
os âmbitos. O desrespeito às leis aumenta a prática criminal, e dentre os
julgados, a balança pesa para o lado mais fraco, beneficiando alguns que
materializam a corrupção da justiça; levando a perca da confiança no sistema
criminal. Afirmaram que a solução seria lutar para que as leis fossem aplicadas
de maneira melhor e mais rígida, aumentando as punições e, consequentemente, a
segurança.
Por fim, foi sugerido para os ingressantes
que resumissem o que seria o Direito,
estes afirmando que além de uma área de estudo humano, se tratava de uma
construção social, uma conquista, visando o norteamento da sociedade para a
harmonia e bem estar de todos; estabelecendo leis e formas de aplicá-las para
alcançar esse objetivo, lutando contra as injustiças e o desejo de um
sobrepor-se a outrem. Em suma, a garantia para o desenvolvimento organizado da
sociedade.
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